Entrevista a Sofia Hoffmann

18-03-2017 00:42

 

A cantora de Jazz concedeu uma entrevista ao Olhar Direito sobre a sua carreira e o estado da música em Portugal. Na curta conversa revelou como se prepara antes de pisar o palco e conquistar o público. 

 

"Adoraria cantar numa sala como a do Carnegie Hall, em Nova Iorque"

 

Como nasceu o gosto pelo Jazz?

O jazz apareceu no final de um período no qual aprendi guitarra clássica, e no início de um período de dedicação ao canto, no qual tive contacto com alguns standards de jazz. Surgiu naturalmente eventualmente por ser um dos géneros musicais com os quais me identifico mais, além da Bossa Nova. Pretendo continuar a apostar neste estilo, mesmo que não seja dos mais massificados.

Que dificuldade encontrou na implementação do seu projecto?

O meu projecto está a crescer gradualmente. Ainda que se trate de um hobby (não ocupando todo o meu dia) e apesar de haver uma valorização ainda "tímida" do Jazz em Portugal, é algo que levo muito a sério e que estou a desempenhar a um nível cada vez mais profissional. O apoio e feedback que tenho tido é importante para continuar a desenvolver-me como artista e a pisar palcos "maiores".

Quais as razões dessa fraca valorização?

Penso que exista uma questão de cultura e de educação musical globalizada, e também não existe muita exposição e investimento deste género musical nos principais canais de comunicação. É louvável p.e. o programa do João Moreira dos Santos (Antena 2) dedicado somente ao jazz!... Mas o Povo interioriza e ouve melhor o estilo popular. Por outro lado, é muito gratificante verificar que p.e. o fado é muito valorizado não só em Portugal, como também e cada vez mais no estrangeiro. Embora eu interprete maioritariamente standards de jazz, tenho tido uma receptividade muito positiva nos meus concertos. Finalmente, nunca foi fácil implementar um projecto de música em Portugal, embora haja bastante talento.

Que mensagem pretende transmitir com as músicas?

Tento passar sentimentos (positivos - sempre que possível) com base no que o texto e a melodia dos temas transmitem, e com o máximo de transparência e exactidão. Isto porque a música cria-se ou compõe-se sobretudo com base em estados de espírito, em sentimentos e muitas vezes, em opiniões do seu autor. Um artista deve procurar interpretar com algum rigor e fidelidade o que cada obra musical pretende comunicar.

Onde costuma cantar?

Nos Duetos da Sé, no LoungeD do Casino do Estoril, no Quiosque das Amoreiras, no Pabe com amigos (uma vez por mês) e em vários eventos e festas privadas. Tenho previsto um concerto para o dia 30 de Junho (espreitem a minha página https://www.facebook.com/SofiaHoffmannMusic/ , sigam-me e aguardem notícias ;-) )

Gostava de actuar fora de Portugal?

Embora já tenha actuado nalguns Clubes em Milão, e também pontualmente em São Paulo, adoraria cantar numa sala como a do Carnegie Hall, em Nova Iorque.

Como prepara os espectáculos?

Tenho um momento concentração e de conversa comigo própria, e procuro ligar-me empaticamente aos meus companheiros de palco, antes de entregar o meu talento ao universo, e a quem o quer receber! Presentemente procuro "olhar direito" para o público, quando entro em palco (algo que não acontecia antes...) e apesar do nervoso miudinho que existe sempre e que é saudável, sinto-me sempre privilegiada por poder estar naquele lugar, com os restantes artistas, a dar o nosso melhor à plateia.

De que forma a música diverte o seu autor?

É uma maneira de transmitir as nossas emoções, o que nos vai na alma, e a partilha dessa mensagem com os outros é sempre um momento de realização pessoal enorme! A música consegue passar várias mensagens que o ser humano precisa de transmitir, e tem o poder de alterar o nosso estado de espírito. A interpretação dos vários géneros gera diferentes emoções nas pessoas, e muito interessante verificar todo esse processo de "acção - reacção" entre os músicos e o público.  

Qual a sua opinião sobre os programas televisivos?

Os concursos são um espelho do talento que existe, e embora haja casos de sucesso continuado e sustentável, há muitos potenciais artistas que ficam no desconhecido e não têm oportunidade de continuar a actuar e a partilhar a sua música. Ser júri de um concurso? Seria um desafio engraçado!