Entrevista a Cristina Esteves

18-04-2018 13:28

Uma conversa interessante com a jornalista que completa 27 anos de carreira. Um olhar atento sobre o trabalho como pivot do principal e mais antigo programa informativo da televisão portuguesa, embora sem nunca abandonar o profissionalismo na hora de regressar à função de repórter. Cristina Esteves  admite o gosto pelo contacto com o público, que se tornou mais frequente através das redes sociais.

 

"Agradeço às várias direcções de informação da RTP a possibilidade de apresentar o Telejornal porque é um trabalho que adoro"

 

Que balanço faz de uma carreira com mais de 20 anos?

Tem sido uma carreira onde passei por várias áreas. Comecei na apresentação e em 1996 mudei-me para a informação, tendo iniciado as funções de pivot no início do século. Em 2011 tive a possibilidade de apresentar o Telejornal depois de realizar um caminho noutros programas.

Qual é a principal diferença entre o trabalho como pivot e de repórter?

Uma jornalista trabalha em várias vertentes, mas quando se tratam de emissões em directo também acabo por ser um bocado pivot, como aconteceu na abertura do ano judicial em Janeiro. É extremamente útil para um pivot ter iniciado o trajecto como repórter.

Mesmo para uma jornalista com experiência?

A profissão exige bastante versatilidade, mesmo tendo muitos anos de carreira.

Qual é a principal diferença entre conduzir uma emissão em directo no estúdio e na rua?

A tensão do momento é diferente. No estúdio estamos mais agarrados ao teleponto, mas podem surgir outros problemas como uma reportagem que não entra ou o convidado que chega atrasado. Por vezes esperamos que a equipa nos tente ajudar.

Qual é a proporção que pode atingir um erro cometido em directo?

As redes sociais aumentaram a dimensão de uma gaffe. Estamos sempre a ser julgados pelo público, independentemente do que se faz. No Telejornal o jornalista tem uma noção maior dos riscos.

A apresentação do Telejornal é a maior conquista no plano profissional?

Agradeço às várias direcções de informação da RTP a possibilidade de apresentar o Telejornal porque é um trabalho que adoro, mas não se trata de um objectivo final. Nesta profissão temos de agarrar as oportunidades.

Que tipo de programas recusaria apresentar?

Penso que nunca deveria fazer programas que beliscassem a credibilidade de um jornalista.

Admite terminar a carreira na televisão?

Adoro trabalhar em televisão porque acarreta um risco positivo. Gosto do improvisto e da necessidade de se dar uma resposta rápida.

Como reage às manifestações de carinho do público?

Nunca tive uma reacção negativa sempre que sou reconhecida pelas pessoas.

Também utiliza os meios tecnológicos no dia-a-dia?

As redes sociais permitem um contacto mais directo, embora sejam perigosas. Tento responder sempre às mensagens, mas a carreira de um jornalista pode ser beliscada por causa dos novos instrumentos tecnológicos.

O Telejornal continua com a mesma relevância informativa?

As pessoas têm acesso a mais oferta e flexibilidade por causa dos canais de informação e das plataformas online. A importância do Telejornal ficou um bocado prejudicada. O grande desafio está na forma como tem de ser lançado, nomeadamente entre programas que obtenham boas audiências.

Qual é o papel do jornalista?

A imparcialidade e a objectividade dependem da maneira como o jornalista trabalha a notícia.